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22 de jun. de 2011

Sair de casa. Vale a pena?

Família
Sair de casa. Vale a pena?
A convivência entre pais e filhos tem momentos
complicados. Mas a maioria dos teens não pensa
em morar só


Fernando Vivas
Em pé, Bruna, de 15 anos, e Marcela, de 9. Sentados, os pais, Roberto e Elane
Família Guimarães, de Salvador
Limites com rigor
  Na casa dos Guimarães há regras rigorosas para as filhas, principalmente a mais velha, Bruna, de 15 anos. Quando ela sai, os pais querem saber aonde vai, com quem e impõem um limite: ela precisa estar em casa até a meia-noite. O pai, Roberto, não dorme direito até a volta da filha. Quando ela vai a uma festa, ele procura saber se o evento é adequado à idade dela. "Nós vivemos em um mundo muito violento e os jovens ainda são muito ingênuos", diz. Ele acha cedo para a filha namorar. Se a menina quer viajar com as amigas, é a mãe, Elane, quem trata de convencer o marido. "Com minha mãe eu tenho liberdade para as conversas mais íntimas", conta Bruna.

Os adolescentes ainda continuam respondões e com acessos de mau humor, mas pelo menos começaram a entender melhor os pais. A maioria gosta da vida familiar, convive bem com o pai e a mãe e não pretende sair de casa tão cedo. Autonomia e independência? Para quê, se em casa tem a comidinha da mamãe? Os jovens pensam até em morar sozinhos um dia, mas só quando estiverem seguros da decisão. Para a maior parte, não vale a pena sacrificar o conforto pela independência. Uma pesquisa que ouviu 2 425 jovens em seis capitais e no interior de São Paulo aponta que 82% deles têm pouca ou nenhuma vontade de morar longe dos pais. A principal razão é o bom relacionamento dentro de casa. Apenas 7% da garotada se dá mal com o pai e só 3% não se dão bem com a mãe. A proximidade maior tem facilitado até a vida de namorados e namoradas. Um levantamento mostra que 15% dos pais permitem que as filhas durmam acompanhadas em casa. Entre os rapazes, esse número dobra.
A relação entre pais e filhos mudou – e para melhor. Até bem pouco tempo atrás o diálogo entre gerações era muito mais difícil. Educação significava rigidez. Assuntos como a sexualidade passavam longe da mesa de jantar. Os filhos reprimidos dessa época se tornaram os pais desorientados de hoje em dia. Ao mesmo tempo que se aproximaram dos filhos, vivem um dilema. Qual a melhor conduta? Endurecer o jogo, como no passado, e ressuscitar todo o conflito de gerações, ou assumir uma postura liberal e correr o risco de perder as rédeas da situação? A resposta é mais simples do que parece. A maioria dos educadores concorda que os pais devem fazer papel de pais, precisam censurar quando for necessário, não ceder e agüentar firme as provocações. "Não adianta fazer concessões ao jovem. É preciso deixar claro o que se pretende passar para ele", afirma o psicólogo paulista Antonio Carlos Egypto. Por melhor que seja a relação, pais e filhos nunca serão amigos no sentido estrito da palavra. Ao se tornar amigo, o pai corre o risco de não mais exercer seu papel, que é orientar.

André Penner
Da esquerda para a direita, Carolina, de 20 anos, Maíra, de 15, Vinícius, de 13, a mãe, Rosália, e João, de 1 ano
Família Rio, de São Paulo
Diálogo franco e discussão sobre autoridade
  Mãe de quatro filhos, Rosália Rio chegou a permitir que a mais velha, Carolina, de 20 anos, levasse o namorado para dormir em casa. Depois recuou. "Comecei a achar que era uma situação meio esquisita para os outros irmãos", diz. O diálogo é franco com todos e ela fica feliz que os filhos lhe contem tudo, mas acha que, às vezes, essa proximidade pode comprometer sua autoridade.
É importante para os pais estabelecer limites aos jovens. Se não acham correto que a garotada beba, devem dizer abertamente, ainda que isso cause divergências. Esse conflito é importante para o amadurecimento do adolescente. Diante de uma negativa, o jovem é obrigado a tomar uma decisão. Ou ele vai contra os pais e segue por sua conta e risco, arcando com as conseqüências, ou acata a determinação. Esse tipo de ponderação é o que leva à maturidade. "Ao não concordarem com um hábito ou comportamento do filho, os pais estão passando seus valores, algo em que acreditam. Para estabelecer seu próprio jeito de viver no mundo, o adolescente precisa de alguns princípios básicos, que são adquiridos muitas vezes na base da divergência", explica o psicanalista Raul Gorayeb, da Universidade Federal de São Paulo. Pais de verdade são aqueles que exercem o papel que lhes cabe.

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